Entre os versos e batuques, confetes e serpentinas, as marchas de carnaval tomam conta das avenidas e ruas por todo o Brasil. A maior festa do mundo concentra suas cores e leva consigo as histórias e narrativas animando o povo e arrastando multidões.
Não diferente, nem menos tradicional, a capital paranaense tem seu carnaval. Mesmo que digam o contrário, a cada ano tem uma história, uma magia e um enredo diferente. No ano passado, o coritiba.com.br lembrou da história do bloco Não Agite, e em 2016, o foco deste período são em duas pessoas especiais para o clube.
Lá no alto de tantas glórias eles aproveitaram os carnavais com o Não Agite e criaram histórias e mais histórias. Eles vieram ao mundo como torcedores coritibanos e dividem o coração entre música e futebol. O pai de cada um desses nossos personagens foi atleta do Coritiba, mas a história deles está muito mais ligada aos sons do clube.
Em 1999, a mente desses dois coxas-brancas brilhou muito. Homero Réboli e Cláudio Ribeiro são os autores do hino do Coritiba e dividem suas vidas com os carnavais e com o futebol. Tanto é que uma ideia surgiu na cabeça dos dois autores e a letra do hino alviverde venceu o concurso promovido pelo clube para a escolha do símbolo musical do Coxa.
"Por incrível que pareça há dois sentimentos de emoção que nos impulsionam e nos remetem ao centro rítmico da vida, que é a aurora de todas as paixões. A primeira delas, é o Coxa. Tanto o Cláudio, quanto eu, nascemos no Juvevê; o pai dele jogou aqui, o meu pai também. E a segunda é a música. Essas duas paixões foram determinantes na nossa parceria de mais de 40 anos, com mais de 400 músicas, uma boa parte gravada, parceiros de Cartola, Claudionor Cruz”, revela Ribeiro no início da conversa.
Um mundo de samba e futebol
De acordo com o site Samba Tradição, o currículo de Cláudio Ribeiro, jornalista, radialista, escritor e compositor, é extenso. Acumula inúmeros sambas enredo, apresentações do carnaval curitibano por mais de 20 anos, presidência da Associação das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Curitiba e muita história para contar. Tanto que ele é autor do livro “Samba e resiste quem pode – história do carnaval curitibano”.
Seu parceiro, e tão coxa-branca quanto, Homero Réboli também tem no sangue o samba, conforme a mesma fonte. Arquiteto e professor, dividiu sua profissão com os batuques e tamborins. É autor de mais de 40 sambas enredo para escolas de Samba de Curitiba, Antonina e Paranaguá, além de aproximadamente 380 músicas com diversos parceiros. Foi até ganhador de um concurso na quadra da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, no Rio de Janeiro, com o samba Não Vou Subir, em parceria com Ribeiro.
"Eu fui convidado por muitos anos para ser jurado no carnaval daqui e de Antonina. Lá eu e o Cláudio participamos da Escola de Samba Filhos da Capela há três ou quatro anos. Foi a nossa grande alavanca. Esse ano estou indo mais para visitar o carnaval de Curitiba. As pessoas não sabem, mas o carnaval de Curitiba é muito bonito, muito legal. É bacana”, disse Réboli, defendendo a cultura carnavalesca da capital paranaense.
Essa cultura, que se estende por todo território nacional, muitas vezes passa a fazer parte da definição de Brasil. A terra de futebol e do fevereiro de carnaval tem as manifestações desta festa de inúmeras maneiras. O Coritiba também ilumina a história dos carnavais da capital, com ainda mais ligações dos que os coxas-brancas imaginam.
Ribeiro lembra que o bloco Não Agite fora criado por coritibanos. “O Coritiba embora tenha recebido ao longo de sua história o título de coxa-branca, ele demonstra com a sua própria história, que fazer e gostar de samba não é um privilégio geográfico, é um dom natural de todos os brasileiros”, contou. Em 1949, o grupo de torcedores se reuniu para brincar o carnaval. “E aí os Coxas, loucos e sonhadores como eu e o Homero, resolveram criar um bloco. E entre eles o primeiro presidente o Nei Amilton, em 1949, criou o Não Agite. O bloco carnavalesco do Coritiba. Esse bloco tem uma posição sagrada na nossa história”, revela ele, destacando que depois de criado o bloco se tornou a primeira charanga que incentivava o time nos jogos, tocando os seus sambas. Mais ou menos como hoje a bateria da Império faz.
Inspirações e toque de quem sabe o que faz
Dos batuques da bateria ao apito inicial do jogo são inúmeros corações palpitando pelo jogo de futebol. Dois desses corações, em 1999, resolveram que iriam unir as duas paixões e participariam do concurso de hinos promovido pelo clube.
Homero Réboli e Cláudio Ribeiro demoraram dias para chegar a conclusão de como seria a música que eles inscreveriam na disputa. Na verdade, foi nos 45 do segundo tempo que eles definiram e confirmaram a participação.
Réboli conta que Cláudio é o letrista e tinha pelo menos umas quatro páginas de versos para o hino do clube. Mas até o dia em que as inscrições encerravam eles ainda não tinham a música fechada e nem a melodia.
“Eu estava indo para São José dos Pinhais e na Curva do Tomate me deu um estralo, um clique, e a música entrou. Todas aquelas letras um resumo, tiramos a harmonia toda. Corri de volta para casa, meu filho achou uma gravadora, nós já gravamos. Eu chamei o Cláudio, assinamos os papeis e a nossa música foi a 147, foi a última inscrita, às quatro da tarde. Foi a última!”, relembra Homero.
“A melodia chegou no meio da rua. É como diz o Paulo Cesar Pinheiro: ‘ninguém faz samba por que prefere’. É uma luz que chega de repente, com a rapidez de uma estrela cadente e acende a alma e o coração”, complementa o arquiteto coxa-branca.
Além do orgulho de terem vencido o concurso, os amigos sambistas levam no peito muito mais do que as batidas do coração. “Nós somos pequenos e insignificantes perto da grandiosa história desse clube. Quis o destino que nos desse o sabor de descrever uma parte dos símbolos desse clube. E os símbolos, através do seu hino, das duas cores, da sua bandeira, eles trazem o amor, a história, a veracidade de cada atleta, de cada dirigente, de cada torcedor e fundamentalmente de cada música que foi composta desde Bento Mossurunga até Francis Nitgh, cada um desses elementos compõe os versos melódicos e literários desse hino que não é mais meu, nem de Homero, mas é da nação alviverde”, disse sensibilizado Cláudio Ribeiro.
"Então juntando os fatos históricos, os fatos culturais e nossos sentimentos e emoções, acabamos por construir o hino que foi nosso até aquele festival. A partir dali, passou a ser da nação alviverde", finalizou Ribeiro.
Clique aqui e confira o hino oficial do Coxa.
Confira uma matéria especial sobre o carnaval que vai ao ar no Nação Coxa Branca:
Fotos: arquivo pessoal
Entre os versos e batuques, confetes e serpentinas, as marchas de carnaval tomam conta das avenidas e ruas por todo o Brasil. A maior festa do mundo concentra suas cores e leva consigo as histórias e narrativas animando o povo e arrastando multidões.
Não diferente, nem menos tradicional, a capital paranaense tem seu carnaval. Mesmo que digam o contrário, a cada ano tem uma história, uma magia e um enredo diferente. No ano passado, o coritiba.com.br lembrou da história do bloco Não Agite, e em 2016, o foco deste período são em duas pessoas especiais para o clube.
Lá no alto de tantas glórias eles aproveitaram os carnavais com o Não Agite e criaram histórias e mais histórias. Eles vieram ao mundo como torcedores coritibanos e dividem o coração entre música e futebol. O pai de cada um desses nossos personagens foi atleta do Coritiba, mas a história deles está muito mais ligada aos sons do clube.
Em 1999, a mente desses dois coxas-brancas brilhou muito. Homero Réboli e Cláudio Ribeiro são os autores do hino do Coritiba e dividem suas vidas com os carnavais e com o futebol. Tanto é que uma ideia surgiu na cabeça dos dois autores e a letra do hino alviverde venceu o concurso promovido pelo clube para a escolha do símbolo musical do Coxa.
"Por incrível que pareça há dois sentimentos de emoção que nos impulsionam e nos remetem ao centro rítmico da vida, que é a aurora de todas as paixões. A primeira delas, é o Coxa. Tanto o Cláudio, quanto eu, nascemos no Juvevê; o pai dele jogou aqui, o meu pai também. E a segunda é a música. Essas duas paixões foram determinantes na nossa parceria de mais de 40 anos, com mais de 400 músicas, uma boa parte gravada, parceiros de Cartola, Claudionor Cruz”, revela Ribeiro no início da conversa.
Um mundo de samba e futebol
De acordo com o site Samba Tradição, o currículo de Cláudio Ribeiro, jornalista, radialista, escritor e compositor, é extenso. Acumula inúmeros sambas enredo, apresentações do carnaval curitibano por mais de 20 anos, presidência da Associação das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Curitiba e muita história para contar. Tanto que ele é autor do livro “Samba e resiste quem pode – história do carnaval curitibano”.
Seu parceiro, e tão coxa-branca quanto, Homero Réboli também tem no sangue o samba, conforme a mesma fonte. Arquiteto e professor, dividiu sua profissão com os batuques e tamborins. É autor de mais de 40 sambas enredo para escolas de Samba de Curitiba, Antonina e Paranaguá, além de aproximadamente 380 músicas com diversos parceiros. Foi até ganhador de um concurso na quadra da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, no Rio de Janeiro, com o samba Não Vou Subir, em parceria com Ribeiro.
"Eu fui convidado por muitos anos para ser jurado no carnaval daqui e de Antonina. Lá eu e o Cláudio participamos da Escola de Samba Filhos da Capela há três ou quatro anos. Foi a nossa grande alavanca. Esse ano estou indo mais para visitar o carnaval de Curitiba. As pessoas não sabem, mas o carnaval de Curitiba é muito bonito, muito legal. É bacana”, disse Réboli, defendendo a cultura carnavalesca da capital paranaense.
Essa cultura, que se estende por todo território nacional, muitas vezes passa a fazer parte da definição de Brasil. A terra de futebol e do fevereiro de carnaval tem as manifestações desta festa de inúmeras maneiras. O Coritiba também ilumina a história dos carnavais da capital, com ainda mais ligações dos que os coxas-brancas imaginam.
Ribeiro lembra que o bloco Não Agite fora criado por coritibanos. “O Coritiba embora tenha recebido ao longo de sua história o título de coxa-branca, ele demonstra com a sua própria história, que fazer e gostar de samba não é um privilégio geográfico, é um dom natural de todos os brasileiros”, contou. Em 1949, o grupo de torcedores se reuniu para brincar o carnaval. “E aí os Coxas, loucos e sonhadores como eu e o Homero, resolveram criar um bloco. E entre eles o primeiro presidente o Nei Amilton, em 1949, criou o Não Agite. O bloco carnavalesco do Coritiba. Esse bloco tem uma posição sagrada na nossa história”, revela ele, destacando que depois de criado o bloco se tornou a primeira charanga que incentivava o time nos jogos, tocando os seus sambas. Mais ou menos como hoje a bateria da Império faz.
Inspirações e toque de quem sabe o que faz
Dos batuques da bateria ao apito inicial do jogo são inúmeros corações palpitando pelo jogo de futebol. Dois desses corações, em 1999, resolveram que iriam unir as duas paixões e participariam do concurso de hinos promovido pelo clube.
Homero Réboli e Cláudio Ribeiro demoraram dias para chegar a conclusão de como seria a música que eles inscreveriam na disputa. Na verdade, foi nos 45 do segundo tempo que eles definiram e confirmaram a participação.
Réboli conta que Cláudio é o letrista e tinha pelo menos umas quatro páginas de versos para o hino do clube. Mas até o dia em que as inscrições encerravam eles ainda não tinham a música fechada e nem a melodia.
“Eu estava indo para São José dos Pinhais e na Curva do Tomate me deu um estralo, um clique, e a música entrou. Todas aquelas letras um resumo, tiramos a harmonia toda. Corri de volta para casa, meu filho achou uma gravadora, nós já gravamos. Eu chamei o Cláudio, assinamos os papeis e a nossa música foi a 147, foi a última inscrita, às quatro da tarde. Foi a última!”, relembra Homero.
“A melodia chegou no meio da rua. É como diz o Paulo Cesar Pinheiro: ‘ninguém faz samba por que prefere’. É uma luz que chega de repente, com a rapidez de uma estrela cadente e acende a alma e o coração”, complementa o arquiteto coxa-branca.
Além do orgulho de terem vencido o concurso, os amigos sambistas levam no peito muito mais do que as batidas do coração. “Nós somos pequenos e insignificantes perto da grandiosa história desse clube. Quis o destino que nos desse o sabor de descrever uma parte dos símbolos desse clube. E os símbolos, através do seu hino, das duas cores, da sua bandeira, eles trazem o amor, a história, a veracidade de cada atleta, de cada dirigente, de cada torcedor e fundamentalmente de cada música que foi composta desde Bento Mossurunga até Francis Nitgh, cada um desses elementos compõe os versos melódicos e literários desse hino que não é mais meu, nem de Homero, mas é da nação alviverde”, disse sensibilizado Cláudio Ribeiro.
"Então juntando os fatos históricos, os fatos culturais e nossos sentimentos e emoções, acabamos por construir o hino que foi nosso até aquele festival. A partir dali, passou a ser da nação alviverde", finalizou Ribeiro.
Clique aqui e confira o hino oficial do Coxa.
Confira uma matéria especial sobre o carnaval que vai ao ar no Nação Coxa Branca:
Fotos: arquivo pessoal