“A torcida do Cori explodiu de alegria, invadindo o campo para comemorar. Para conquistar o título, o Coxa precisava de mais uma vitória. O time venceu o Ferroviário por 3x2, chegando a nove conquistas estaduais.”

Campeonato Paranaense

Campanha: 13 vitórias - 1 empate - 3 derrotas 

Jogo decisivo: Coritiba 3x2 Ferroviário

Data: 09/03/1947

Time Base: Hamilton (Belo), Fedato e René; Tonico, Cartola e Adão; Belmonte (Baby), Merlin, César Frizzo, Gouveia e Paulinho

Artilheiro da equipe: César Frizzo (19 gols)

História

Em 1946 a rivalidade Atle-Tiba havia esquentado. As duas equipes tinham oito títulos cada, sendo os maiores campeões do estado. Logo depois vinha o Britânia com sete títulos, e o Ferroviário, que tinha três, mas ainda era uma das principais equipes paranaenses.

A Segunda Guerra já havia trazido conseqüências diretas para o Brasil. Em 1945 alguns clubes cederam jogadores para a guerra e dois atletas do Coritiba foram chamados: Neno e Altevir. Mas no dia 30 de abril de 1945, o ditador alemão Adolf Hitler suicida-se, aos 56 anos de idade, iniciando o processo que colocaria fim a guerra.

Um ano antes nascia o músico jamaicano Bob Marley e o cantor e compositor baiano Raul Seixas, que anos mais tarde teriam papéis fundamentais às novas gerações. No Brasil é fundada a Igreja Católica Apostólica Brasileira, tendo como Bispo fundador D. Carlos Duarte da Costa.

O futebol paranaense evoluía e as equipes do interior já viviam momentos melhores. Em 1945, Major Antônio Couto Pereira deixou a presidência do Coritiba após 20 anos de dedicação e empenho em fazer do Coxa um clube forte em patrimônio, estrutura e que fosse amado pelo povo paranaense. Mas Couto Pereira continuou ligado diretamente ao Cori; ele mudou-se para São Paulo e lá era a referência do Clube.

Lauro Scheleder assumiu a presidência do Coritiba e teria pela frente duras batalhas dentro e fora de campo. Desde a conquista do primeiro Bicampeonato, o Coritiba havia sido vice-campeão do estado por três vezes consecutivas.

Uma época antagônica: por um lado o Coritiba contava com jovens promessas. Por outro, o futebol ainda não estava profissonalizado em nosso estado e os jogadores dependiam de outras receitas para viver. Mas a evolução que o esporte havia tido o levava rumo a um futuro promissor.

Competição

O campeonato deste ano seria disputado em três turnos, sendo um dos mais longos Paranaenses da história. Começou em março de 46 e terminou somente em 1947. E para os jogadores do Coritiba o título era uma questão de necessidade.

No dia 16 de junho de 1946, em um empate em 5x5, o Coritiba fez um dos maiores clássicos de toda a história contra o Ferroviário. O Verdão chegou a estar vencendo a partida por 5x2, mas o empate acabou vindo.

Os Atle-Tibas também foram sensacionais naquele ano. Depois de perder para o rival por 4x2 no primeiro turno, os jogadores do Coxa queriam vingança. Na partida do Alto da Glória abriram o placar no começo do jogo com gol de César Frizio. O Atlético-PR empatou aos seis minutos, com Jackson, e quando Cireno, do time rubro-negro, foi buscar a bola no fundo da rede, arrancou o gorro do goleiro coxa-branca Belo.

Belo, que era careca, ficou furioso e foi tirar satisfação com Cireno. O árbitro da partida expulsou o goleiro alviverde. Jogadores e diretoria não concordaram, tirando a equipe coxa-branca de campo.

A confusão acabou gerando graves problemas. O Cori perdeu o jogo nos tribunais, Belo foi suspenso por dois jogos e o Clube foi multado em quinhentos cruzeiros. O presidente Lauro Schelefer precisou renunciar por causa do incidente. Mas isso não abalou o Coritiba, que continuou bem e veio um novo Atle-Tiba. O Atlético-PR saiu na frente, contudo o Cori empatou e virou a partida com gols de Frizzio e Paulinho. A torcida do Cori explodiu de alegria, invadindo o campo para comemorar. Para conquistar o título, o Coxa precisava de mais uma vitória. O time venceu o Ferroviário por 3x2, chegando a nove conquistas estaduais.

Colaboração: Grupo Helênicos